O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um distúrbio neurobiológico complexo que interfere nas interações e comunicação social e levam a padrões repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades. Enquanto os diagnósticos de TEA estão aumentando, as causas desse distúrbio permanecem pouco compreendidas e envolvem uma interação complexa de fatores genéticos e ambientais, dos quais o microbioma é uma parcela importante.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que há 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Atualmente não há diagnóstico laboratorial ou cura para este transtorno, no entanto, o manejo dos sintomas e padrões de comportamento através da microbiota intestinal tem sido amplamente discutida.
Problemas gastrointestinais, incluindo constipação, dor abdominal, gases, diarreia e flatulência, são sintomas comuns associados ao TEA com prevalência de até 70% nessa população. Embora não exista evidência direta de que os sintomas gastrointestinais e o TEA tenham uma relação causa-efeito, múltiplas linhas de evidências mostram que microbiota do trato gastrointestinal humano, é integrada ao sistema imunológico, metabolismo e sistema nervoso. Essas bactérias intestinais e seus metabólitos (substâncias produzidas pelas bactérias) podem ter um papel crítico na fisiopatologia do TEA através do chamado eixo “cérebro-intestino”. Esta linha de pesquisa é fortalecida com resultados científicos de intervenções na microbiota intestinal através do uso de antibióticos ou transplante de microbiota, associado a melhora de sintomas do TEA.
Estudos em animais e humanos indicam que a microbiota intestinal parece influenciar o comportamento e humor a nível do sistema nervoso central devido a sua relação com liberação de neurotransmissores cerebrais. Além disso, em alguns casos, o manejo da microbiota intestinal por administração de antibióticos e terapia de transplante de microbiota aliviou os sintomas de TEA.
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A utilização de probióticos também pode influenciar a composição da microbiota, a função da barreira intestinal e alterar as respostas imunes da mucosa, sugerindo efeito benéfico dos probióticos em TEA, com inúmeros mecanismos microbianos conhecidos relacionados à enfermidade, como o rompimento da barreira intestinal induzida pela disbiose (diversos tipos de alterações na microbiota intestinal), produção de toxinas e disfunções imunológicas e metabólicas.
Diversos tipos de disbiose, alterações da microbiota intestinal, alteram a produção de metabólitos séricos e parecem induzir um fenótipo comportamental de autismo. Além disso, muitos estudos evidenciam a presença de disbiose em indivíduos com TEA, neste cenário, considerando que cada indivíduo pode apresentar um tipo diferente de disbiose, e cada tipo de disbiose exige maneiras diferentes de tratamento, conhecer a composição das bactérias da microbiota intestinal através do sequenciamento genético, é ideal para realizar uma modulação intestinal guiada e personalizada.
Referências:
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