Microbiota intestinal e sarcopenia do idoso, existe relação?

Com o aumento da expectativa de vida, estudiosos da área da geriatria estão cada vez mais interessados em avaliar condições de saúde associadas ao envelhecimento saudável. Entre as condições mais estudadas recentemente, está a sarcopenia, doença multifatorial relacionada ao envelhecimento, inflamação crônica, nutrição inadequada e sedentarismo. De nota, alterações estruturais e funcionais da microbiota intestinal (MI) tem sido relacionada à sarcopenia em idosos. Para explicar esta relação, um grupo de pesquisadores chineses, se debruçou sobre o os efeitos da MI em sarcopenia avaliando o eixo intestino-músculo.

Neste estudo, a MI de 3 grupos foi analisada por sequenciamento do gene 16S rRNA: grupo controle: 60 idosos saudáveis, grupo S: 11 idosos sarcopênicos com função muscular prejudicada e massa muscular reduzida e grupo PS: 16 idosos potencialmente sarcopênicos – pacientes que sofrem apenas de função muscular prejudicada.


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A riqueza e diversidade alfa (Chao1 e índices de diversidade) foram significativamente reduzidas nos grupos S e PS em comparação com controles. Em nível de filo, grupos S e PS tiveram percentual de Firmicutes significativamente reduzido em comparação aos controles.

Os pacientes dos grupos S e PS apresentaram redução em gêneros bacterianos produtores de butirato como Lachnospira, Fusicantenibacter, Roseburia, Eubacterium e Lachnoclostridium.

Este achado por si só, é de grande relevância pois butirato é um metabólito essencial por meio do qual a MI pode influenciar a fisiologia do hospedeiro ao reduzir inflamação e potencialmente contribuir para manutenção da massa muscular esquelética. Além disso, outras alterações foram observadas nos grupos avaliados, Lactobacillus spp. foi mais abundante em indivíduos sintomáticos do que em controles. Este estudo sugeriu ainda que, a família Lactobacillaceae possa ser considerado um biomarcador para o grupo PS, e a família Porphyromonadaceae um biomarcador para o grupo S.

Em relação a massa muscular destes indivíduos, observou-se correlação positiva (p < 0,05) entre Roseburia e Eubacterium e índice de massa muscular esquelética apendicular (IMMEA), indicando que serem esses gêneros mais abundantes em indivíduos com maior massa muscular.

Em termos metabólicos os pesquisadores verificaram no grupo S e PS, aumento de metabólitos pró-inflamatórios como LPS (lipopolissacarídeo), enquanto os metabólitos das vias de biossíntese de fenilalanina, tirosina e triptofano, estavam sub-representados.

Em conjunto esses resultados preliminares sugerem que a composição da microbiota e sua diversidade funcional estão associadas à sarcopenia. Essas alterações na MI, podem impactar negativamente vias metabólicas relacionadas à produção de energia celular, processamento de proteínas e transporte de nutrientes, e indicar um metagenoma mais pró-inflamatório devido ao enriquecimento de LPS em pacientes sarcopênicos ou com risco para sarcopenia. Estudos futuros com amostras mais robustas são necessários para confirmar os mecanismos de participação da MI nessa hipótese.

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Referências:

• Ticinesi A, Nouvenne A, Cerundolo N, Catania P, Prati B, Tana C, Meschi T. Gut Microbiota, Muscle Mass and Function in Aging: A Focus on Physical Frailty and Sarcopenia. Nutrients. 2019 Jul 17;11(7):1633.

• Zhao J, Huang Y, Yu X. A Narrative Review of Gut-Muscle Axis and Sarcopenia: The Potential Role of Gut Microbiota. Int J Gen Med. 2021 Apr 13;14:1263-1273.

• Kang L, Li P, Wang D, et al. Alterations in intestinal microbiota diversity, composition, and function in patients with sarcopenia. Sci Rep. 2021;11(1):4628.


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