A endometriose é doença ginecológica complexa caracterizada pela presença de glândulas endometriais e estroma fora do útero. Este tecido extra-uterino é frequentemente encontrado em locais como pelve, incluindo ovários, trompas de falópio, superfícies peritoneais, intestino e bexiga, mas também pode ser enxertado em outros órgãos distantes. Muito parecidas com a estrutura histológica endometrial, essas lesões respondem ao estrogênio, proliferam e sangram junto com o ciclo menstrual.
O microbioma humano, composto pelo conjunto de todos os microrganismos que vivem dentro e sobre o corpo, tem grande impacto em nossa saúde e bem-estar. Ao atuar em funções metabólicas e imunológicas, as diversas comunidades microbianas são vitais para a saúde humana, e suas alterações ou desequilíbrios podem se associar a doenças.
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A população de microrganismos que colonizam um determinado local, é chamada de microbiota e, particularmente no intestino, essa coleção de microrganismos atua na manutenção da função gastrintestinal, participa da regulação de condições inflamatórias e proliferativas, e impacta o metabolismo do estrogênio e a homeostase das células-tronco.
A microbiota vaginal apresenta características distintas da microbiota intestinal, mas parece que a patogênese da endometriose possa advir de uma conexão entre elas.
Desequilíbrios na composição da microbiota intestinal e do trato reprodutivo perturbam a função imunológica, repercutem com elevação de citocinas pró-inflamatórias, comprometimento da imunovigilância e alteração dos perfis de células imunológicas, todos mecanismos que podem contribuir para desenvolvimento de endometriose.
Ao longo do tempo, essa desregulação imunológica pode progredir para um estado crônico de inflamação e criar um ambiente propício ao aumento da adesão e angiogênese, o que pode conduzir ao ciclo vicioso de início e progressão da endometriose.
Pacientes com doença inflamatória pélvica, causada por ascensão de bactérias vaginais até o útero, trompas de falópio e ovários, podem ter aumento de três vezes no risco de endometriose. Ao comparar a composição da microbiota vaginal, cervical e intestinal de mulheres com endometriose em estágio III / IV com mulheres saudáveis, foram detectadas diferenças no nível do gênero bacteriano. Na microbiota cervical de mulheres com endometriose, houve maior abundância de espécies potencialmente patogênicas, incluindo Gardnerella, Streptococcus, Escherichia, Shigella e Ureaplasma. Ainda na microbiota intestinal de mulheres com endometriose, Shigella e Escherichia foram dominantes. Curiosamente, houve ausência completa de um patógeno ginecológico (Atopobium) na vagina e no colo do útero do grupo das mulheres com endometriose.
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Referências:
Jiang I, Yong PJ, Allaire C, Bedaiwy MA. Intricate Connections between the Microbiota and Endometriosis. Int J Mol Sci. 2021;22(11):5644. Published 2021 May 26. doi:10.3390/ijms22115644
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