Doenças cardiovasculares (DC) estão entre as maiores causas mundiais de mortalidade. Hereditariedade responde por aproximadamente 20% da ocorrência de DC, mas dieta, estado nutricional e microbiota são também considerados estímulos de grande impacto no desenvolvimento de doenças dessa natureza.
Microbiota intestinal (MI) participa do metabolismo do hospedeiro e influencia diferentes funções, como modulação do sistema imune, homeostase de energia, síntese de vitaminas, remoção de toxinas, digestão de carboidratos e produção de moléculas sinalizadoras, como ácidos graxos de cadeia curta e ácidos biliares.
Em conjunto, essas funções da MI podem impactar o estado de saúde por interações complexas e individuais e, em certo grau, aumentar a inflamação e estresse oxidativo. A composição, riqueza e diversidade da MI podem ser considerados indicadores de saúde e alterações microbianas específicas associadas a perda da diversidade da MI já foram relacionadas a condições de hipertensão, aterosclerose, infarto do miocárdio, falência cardíaca e arritmia. Por exemplo, os gêneros bacterianos Clostridium, Bifidobacterium e Lactobacillus podem estimular a ativação de macrófagos e produção de citocinas inflamatórias, o que também pode contribuir com o desenvolvimento de aterosclerose e hipertensão arterial, condições de base da doença cardiovascular.
Uma relação universal não existe, mas diversos progressos foram observados. A composição geral da MI pode ser preditiva de um grande painel de biomarcadores sanguíneos cardiometabólicos, que inclui índices glicêmicos, lipêmicos e inflamatórios. Assim, as espécies bacterianas Prevotella copri e Blastocystis spp. são indicadores positivos para metabolismo pós-prandial de glicose, um indicador importante para o contexto cardiovascular. Em adição, novas oportunidades se abrem. O dano cardiovascular pode, por exemplo, ser reduzido na presença de espécies produtoras de ácidos graxos de cadeia curta, por diminuição do número de células T e células T helper 17.
Como vimos, está bem estabelecida a relação entre alterações da MI, seus produtos e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Assim, conhecer a MI por meio de sequenciamento genético pode contribuir para a prescrição de nutrientes e probióticos, estratégias novas e promissoras para o tratamento e prognóstico de doenças cardiovasculares.
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Referências:
- Zhou W, Cheng Y, Zhu P, Nasser MI, Zhang X, Zhao M. Implication of Gut Microbiota in Cardiovascular Diseases. Oxid Med Cell Longev. 2020;2020:5394096. doi: 10.1155/2020/5394096. PMID: 33062141; PMCID: PMC7533754.
- Almeida C, Barata P, Fernandes R. The influence of gut microbiota in cardiovascular diseases-a brief review. Porto Biomed J. 2021;6(1):e106. Published 2021 Jan 18. doi:10.1097/j.pbj.0000000000000106
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