O estresse é um dos principais fatores de risco para a depressão. Esta condição é um dos transtornos psiquiátricos mais prevalentes, com uma porcentagem significativa de pacientes que não respondem ao tratamento. Por isso, grandes esforços estão sendo feitos para compreender os fatores de risco, na esperança de que possam ser explorados para benefício terapêutico.
O estresse gerado por experiências negativas vividas desde a infância é percebido pelo corpo como uma ameaça que compromete a homeostase, gera desequilíbrios e respostas compensatórias. No entanto, a manifestação crônica de estresse pode representar um grande custo fisiológico para o organismo, uma vez que leva a superatividade ou inatividade repetida de sistemas como o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA).
A exposição repetida ao estresse modifica a produção de substâncias e impacta diversas funções biológicas. Isto se associa a inflamação, hiperativação do sistema imunológico e alterações na composição e atividade da microbiota intestinal.
A relação destes fatores é complexa e parece mediar processos cerebrais, neuroinflamação, ativação dos eixos de estresse, neurotransmissão e neurogênese. As evidências científicas atuais indicam a ocorrência de uma comunicação bidirecional da microbiota gastrintestinal com os sistemas endócrino e imunológico, e uma crescente apreciação no papel do eixo microbiota-intestino-cérebro ocorre na psicopatologia. Estudos com manipulação positiva ou negativa da microbiota intestinal, intervenção prebiótica e probiótica, transplante fecal, agentes patogênicos específicos e animais livres de germes, indicam que bactérias intestinais podem influenciar a resposta ao estresse e o comportamento emocional.
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Alterações no perfil da microbiota influenciam a permeabilidade intestinal e a produção de substâncias neuroativas, além de causar deficiências nutricionais. Mudanças no metabolismo da microbiota intestinal podem, portanto, contribuir para os processos fisiopatológicos. A microbiota intestinal parece estar envolvida nos mecanismos subjacentes à resposta ao estresse, e diversas evidências apontam alterações específicas da microbiota em pessoas com depressão. Ao reduzir a diversidade microbiana, o estresse social afeta a microbiota diminuindo a abundância relativa de Bacteroides spp. e Lactobacillus spp., além de aumentar as bactérias do gênero Clostridium. O estresse de contenção na idade adulta modificou a abundância relativa de vários grupos de bactérias, que inclui redução no gênero Lactobacillus na mucosa do cólon e os gêneros Oscillospira, Lactobacillus, Akkermansia e Anaeroplasma estiveram alterados em estudos experimentais em um modelo de transtorno de estresse pós-traumático.
O eixo HPA parece ser o sistema mais importante na resposta ao estresse, tendo o fator de liberação de corticotropina hipotalâmico (CRF) como mediador. O eixo HPA influencia a microbiota pela liberação de glicocorticóides do córtex adrenal, cortisol em humanos e corticosterona em roedores.
A maioria dos pesquisadores que atuam na área do eixo intestino-microbiota-cérebro concorda que o estresse influencia a composição da microbiota e, nesse sentido, a identificação de comunidades microbianas intestinais por meio de sequenciamento de microbiota como o 16S rRNA pode auxiliar intervenções clínicas direcionadas.
Referências:
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- Sarkar A, Harty S, Lehto SM, et al. The Microbiome in Psychology and Cognitive Neuroscience. Trends Cogn Sci. 2018;22(7):611-636.
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