Microbiota intestinal e COVID-19, qual a relação?

Em 2019, uma nova cepa do coronavírus sofreu mutações raras que foram transmitidas de animais para humanos e deram origem a pandemia mais mortal do século XXI. Identificada como SARS-CoV-2, a cepa constitui o agente etiológico da doença coronavírus 2019 (COVID-19), com foco pulmonar e evolução potencial para síndrome respiratória aguda grave.

Dentre os mais de 132 mil artigos publicados sobre o COVID-19, cerca de 500 consideram uma provável relação do microbioma humano com a doença. Ao comprometer o equilíbrio do trato gastrintestinal e causar sintomas como diarreia, náuseas e vômitos, o COVID-19 parece impactar o eixo microbiota-intestino-pulmão e se estender para consequências sistêmicas. A microbiota intestinal (MI) relaciona-se com a resposta imunológica do hospedeiro, de modo que uma MI saudável ou desequilibrada (disbiose) pode contribuir para proteção contra infecções respiratórias, ou desenvolvimento de doenças infecciosas e inflamação crônica, respectivamente.


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A maior abundância de Coprobacillus, Clostridium ramosum e Clostridium hathewayi em amostras fecais se correlacionou com maior gravidade de COVID-19. As bactérias Bacteroides dorei, B. thetaiotaomicron, B. massiliensis e B. ovatus regulam negativamente a expressão da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2, proteína que atua como receptor do SARS-CoV-2) no intestino. Quando presentes, em pacientes hospitalizados, elas se correlacionaram inversamente com a carga viral do SARS-CoV-2.

Além dos efeitos agudos, pacientes em recuperação também apresentam sintomas persistentes após a alta hospitalar. Na fase de eliminação do vírus (até 2 semanas após alta hospitalar), pacientes com menor riqueza da MI apresentaram maior nível de marcadores inflamatórios. Assim, parecem existir correlações próximas entre resposta inflamatória e disbiose no COVID-19.

Uma terapia projetada pelo principal centro de tratamento médico na província de Zhejiang (China), parece ter aumentado efetivamente a taxa de cura e reduzido a mortalidade de pacientes com COVID-19. Essa abordagem inclui estabilização da microbiota intestinal e implica na redução de Lactobacillus e Bifidobacterium. Uma mistura probiótica (Streptococcus thermophilus DSM 32345, L. acidophilus DSM 32241, L. helveticus DSM 32242, L. paracasei DSM 32243, L. plantarum DSM 32244, L. brevis DSM 27961, B. lactis DSM 32246, B lactis DSM 32247) resultou positiva na redução da progressão do SARS-CoV-2 em 28 pacientes. Ocorreu redução significativa no risco estimado de insuficiência respiratória, internações em unidades de terapia intensiva e mortalidade.

Por fim, observa-se que o COVID-19 impõe alterações nas mucosas respiratórias e gastrointestinais com impacto na composição da MI e quadro inflamatório. Os achados encontrados até o momento permitem sugerir que terapias adjuvantes baseadas na modulação do eixo microbiota-intestino-pulmão e no restabelecimento da MI são promissoras para restringir as consequências prejudiciais do covid-19.

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Referências:

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3. Zuo T, Zhang F, Lui GCY, Yeoh YK, Li AYL, Zhan H et al. Alterations in gut microbiota of patients with covid-19 during time of hospitalization. Gastroenterology 2020;159(3):944-955.e8. doi: 10.1053/j.gastro.2020.05.048.

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