Existe relação entre microbiota intestinal e Sindemia Global?
A Microbiota intestinal sofre influencia da genética do hospedeiro e vários fatores ambientais (MITCHELL et al., 2019). No último século, ocorreram mudanças importantes no modo e estilo de vida (dieta, sedentarismo, fatores ambientais climáticos, entre outros) (BLEIL, 1998).
No Brasil, por exemplo, parece existir tendência na adoção de hábitos dietéticos marcados pelo excesso de produtos artificiais, em detrimento do consumo dos produtos regionais e com forte tradição cultural. Percebe-se que hoje, o consumo alimentar deficiente pode ser resultante de pouca disponibilidade alimentar, para os grupos de baixa renda, mas também por possível modificação da qualidade dos alimentos, excessivamente industrializados (BLEIL, 1998). Neste contexto, vale citar as dietas ocidentais, pobres em fibras dietéticas e ricas em carboidratos refinados e alimentos gordurosos. Esse padrão alimentar tem sido associado com a redução do consumo de alimentos de qualidade, além de resultar em diminuição da diversidade microbiana e disbiose (MITCHELL et al., 2019).
Atualmente, existe preocupação com a “Sindemia Global”, que trata da coexistência de três pandemias: obesidade, desnutrição e mudanças climáticas. O periódico The Lancet considerou, recentemente, considerou má alimentação e seus efeitos entre os principais problemas de saúde pública mundiais e associou os métodos utilizados pelas grandes agriculturas de alimentos com a piora das mudanças no clima (SWINBURN, et al., 2019).
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De acordo com o relatório, o sistema agroalimentar global é um dos principais fatores que contribuem para a Sindemia. É responsável por quase um terço de todas as emissões de gases de efeito estufa e está causando rápido desmatamento, degradação do solo e perda massiva de biodiversidade. Os métodos mais praticados no mundo priorizam a produção massiva de alimentos que funcionam como base para a indústria, e podem demandar muitos recursos naturais, empobrecer o solo e prejudicar a qualidade nutricional dos demais alimentos produzidos, como frutas e vegetais. Salienta-se que o baixo consumo de nutrientes essenciais para o organismo é considerado uma das principais causas de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, responsáveis por mais de 70% das causas de morte em todo o planeta (SWINBURN, et al., 2019).
O documento aponta a necessidade de se estabelecer diretrizes alimentares sustentáveis para promover opções mais saudáveis, apoiar a amamentação, educação alimentar e diminuir a demanda por opções alimentares insustentáveis. Para que as ações propostas possam ser realizadas, os pesquisadores propõem a criação de um tratado global para promover alimentação saudável e produção sustentável de alimentos (SWINBURN, et al., 2019).
Mesmo não sem haver estudos relacionados à microbiota intestinal e a Sindemia Global, sabe-se que há uma conexão entre estes assuntos. A discussão é pertinente e atual e foge das associações feitas tradicionalmente.
REFERÊNCIAS
MITCHELL, C.M.; DAVY, B.M.; HULVER, M.W. et al. Does exercise alter gut microbiota composition? A systematic review. Med. Sci. Sports Exerc. v. 51, n. 1, p. 160-167, 2019.