Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 70 milhões de pessoas apresentam uma condição que a ciência ainda não compreende bem, o transtorno do espectro autista, ou simplesmente TEA. Cerca de 2 milhões desses autistas vivem no Brasil.
O transtorno reúne portadores com dificuldades muito diferentes — desde gente que pode ter déficits psicológicos, mas uma altíssima inteligência, até pessoas com retardo mental grave e total incapacidade de se comunicar, que nem sequer balbuciam uma palavra.
Mesmo assim, desde 2013, os psiquiatras americanos não dividem mais o TEA em cinco categorias de doenças diferentes — a síndrome de Asperger seria uma delas — , mas consideram tudo uma coisa só, usando como critério cinco graus de comprometimento da funcionalidade cerebral. Alguns médicos, porém, acreditam que juntar todo mundo com espectro autista em um grupo único confunde ainda mais o diagnóstico, que já costuma ser bastante complicado. Mas um detalhe dá sentido em uni-los: em comum, todos os portadores do TEA têm um nítido desequilíbrio nas bactérias do intestino.
Mexer com as bactérias intestinais aliviaria os sintomas?
No ano passado, cientistas chineses do Peking University First Hospital, em Beijing, publicaram no prestigiado periódico científico Frontiers uma extraordinária metanálise de 150 estudos realizados em todo o mundo desde a década de 1960, relacionando a saúde do intestino e o TEA.
Os 150 trabalhos analisados pelos chineses apontam que tudo o que é feito para equilibrar as populações de bactérias intestinais melhora os sintomas do autismo. E isso se traduz, de acordo com a metanálise, em um alívio na necessidade de remédios e até mesmo nas sessões de reabilitação. Em outras palavras, há não apenas uma melhora na qualidade de vida do paciente, mas um impacto econômico positivo para a família.
No entanto, faltam dados para padronizar as diversas propostas de terapia sugeridas com a finalidade de estabelecer esse equilíbrio. Só assim daria para criar protocolos, preconizando o que fazer para obter ajustes específicos no microbioma de um autista.
Os 150 estudos apontam desde medidas como uso de prebióticos, probióticos, dieta sem glúten e sem a caseína do leite e de seus derivados e até mesmo a prescrição de antibióticos para arrasar com determinadas populações bacterianas e lançar mão do transplante fecal. A pergunta é o que daria mais resultado.
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Conhecer as bactérias para acertar no tratamento
Um jeito de encontrar a resposta é rastrear o microbioma dos pacientes — por meio de testes como o que a Bioma4me traz para o Brasil. A primeira evidência é clara: crianças autistas têm cerca de o dobro de espécies bacterianas diferentes em relação a meninos e meninas sem o TEA. Só essa constatação já ajuda bastante no diagnóstico dessa condição.
O que se sabe, também, é que a parede intestinal dos autistas é mais permeável. Com isso, determinadas substâncias conseguem atravessá-la com tremenda facilidade, entre elas certas toxinas liberadas por bactérias Lactobacillus, nas quais os médicos precisam ficar de olho. Uma vez na corrente sanguínea, essas toxinas afetariam o sistema nervoso.
E não é só elas: outras bactérias excretam substâncias neuroativas, que agem diretamente no cérebro, provocando determinados comportamentos, como o de ficar balançando o corpo o tempo inteiro, algo comum entre certos autistas.
Finalmente, metade dos autistas apresentam populações de uma bactéria gram-negativa chamada Desulfovibrio vulgaris. Ela não costuma ser encontrada no intestino de pessoas sem o transtorno. E é fato: quanto maior a severidade do autismo, maior a presença dessa bactéria, acusada nos exames de rastreamento genético. Pode ser importante, portanto, olhar também para o intestino na hora de classificar um paciente em um dos cinco graus do transtorno.
Olá, meu filho é autista e me interessei pelo exame.
Após fazer o exame quem é o médico que pode analisar o mapeamento e tratar do meu filho.
Qual especialidade faz isso?
Vocês tem algum médico especialista em autismo para indicar?
Att
Ricardo
Ola . Tbem preciso saber como faz este teste? De mapeamento intestinal? Tenho filho TEA leve, mas piorou muiuo estereotipias motoras. Nao para quase nunca! Caminha ate pra falar…
Preciso fazer algo por ele! Obrigada!