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Existe relação entre microbiota intestinal e infecções urinárias?

O trato urinário (TU) não é estéril. Existe relação entre o microbioma intestinal materno e o do próprio indivíduo com a formação do microbioma urinário1.

A colonização por bactérias patogênicas e comensais do trato urogenital acontece por diversas vias, que incluem migração de microorganismos da região perianal. Assim, quadros de disbiose em ambas as regiões podem ter repercussões simultâneas.2

Infecções do trato urinário (ITUs) possuem alta prevalência, principalmente em mulheres e idosos, e são atribuídas à presença de bactérias patogênicas neste sistema.3,4 Entre os microorganismos mais frequentemente associados a ITUs estão a Escherichia coli, Candida albicans e alguns vírus.1,3 O tratamento dessas infecções é feito por antibióticos de amplo espectro, que atingem também o microbioma intestinal, e podem provover disbiose intestinal e aumentar o risco de infecções por Clostridium difficile, uma das principais causas de morbi-mortalidade hospitalar.4,5

A utilização de probióticos orais, incluindo Lactobacillus rhamnosus GR-1, Lactobacillus acidophilus e Lactobacillus reuteri, parece ter efeitos benéficos no microbioma intestinal, e no microbioma genito-urinário.5,6 Em estudo piloto aleatório e duplo-cego com mulheres na pré-menopausa, Mezzasalma e colaboradores avaliaram os efeitos da utilização durante 14 dias de misturas probióticas (contendo L. acidophilus, L. reuteri, L. plantarum, L. rhamnosus e B. lactis), e observaram que esta suplementação foi capaz de melhorar a colonização da microbiota vaginal e inibir, in vitro, o crescimento de Escherichia coli e Candida albicans.

É possível realizar o sequenciamento genético do microbioma fecal e da urina a partir da técnica 16S rRNA, e, desta forma, identificar as bactéricas comensais e patogênicas, o que seria particularmente interessante em indivíduos que têm infecções urinárias de repetição.

 Por: Natália Lopes

REFERÊNCIAS
  1. GERBER, Daniel; FORSTER, Catherine S.; HSIEH, Michael. The Role of the Genitourinary Microbiome in Pediatric Urology: a Review. Current Urology Reports, [s.l.], v. 19, n. 1, p.1-8, 2018. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1007/s11934-018-0763-6.
  2. REID, Gregor. In vitro testing of Lactobacillus acidophilus NCFMTM as a possible probiotic for the urogenital tract. International Dairy Journal, [s.l.], v. 10, n. 5-6, p.415-419, jan. 2000. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/s0958-6946(00)00059-5
  3. MOUSTAFA, Ahmed et al. Microbial metagenome of urinary tract infection. Scientific Reports, [s.l.], v. 8, n. 1, p.1-12, 12 mar. 2018. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1038/s41598-018-22660-8.
  4. TARIQ, Raseen et al. Fecal Microbiota Transplantation for Recurrent Clostridium difficile Infection Reduces Recurrent Urinary Tract Infection Frequency. Clinical Infectious Diseases, [s.l.], v. 65, n. 10, p.1745-1747, 18 jul. 2017. Oxford University Press (OUP). http://dx.doi.org/10.1093/cid/cix618.
  5. HIERGEIST, Andreas; GESSNER, André. Clinical implications of the microbiome in urinary tract diseases. Current Opinion In Urology, [s.l.], v. 27, n. 2, p.93-98, mar. 2017. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1097/mou.0000000000000367.
  6. MEZZASALMA, Valerio et al. Orally administered multispecies probiotic formulations to prevent uro-genital infections: a randomized placebo-controlled pilot study. Archives Of Gynecology And Obstetrics, [s.l.], v. 295, n. 1, p.163-172, 9 nov. 2016. Springer Nature. http://dx.doi.org/10.1007/s00404-016-4235-2.

 

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