fbpx

Microbiota Intestinal e Caquexia do Câncer

A caquexia do câncer é uma síndrome multifatorial caracterizada pela perda de massa muscular, anorexia e inflamação, que impacta pacientes oncológicos em tratamento, aumentando risco de mortalidade. Embora a relação microbiota intestinal e câncer seja amplamente estudada, pouco se conhece sobre a relação entre microbiota e alterações metabólicas, incluindo caquexia do câncer. 

Em animais com caquexia induzida pelo câncer verificou-se alterações intestinais como: mudança na imunidade, maior permeabilidade, turnover epitelial e disbiose. Estas disfunções parecem ocasionar uma resistência ao tratamento. 

Os camundongos caquéticos também apresentaram microbiota intestinal alterada nos níveis taxonômicos e funcionais, com significativo aumento em Enterobacteriaceae, bactérias Gram-negativas que ativam processos pro-inflamatórios através da ligação de lipopolissacarídeos (LPS), maior ativação de LBP (proteína de ligação à LPS) e maiores níveis da citocina pró-inflamatória IL-6. Adicionalmente, nestes animais a Faecalibacterium prausnitizii (bactéria potencialmente benéfica à saúde) não promoveu melhora na permeabilidade intestinal, diminuição dos níveis plasmáticos de LBP e melhora de função da barreira intestinal (Bindels et al, 2019).

Para validar os achados experimentais, os pesquisadores verificaram níveis de LBP em uma coorte de 152 pacientes, com e sem caquexia, portadores de câncer colorretal ou pulmonar. Nesta população, o nível sérico de LBP foi preditor de menor sobrevida.

Bindels et al., sugerem que o aumento de Enterobacteriaceae pode ser uma assinatura microbiana em modelos de caquexia do câncer. Em estudo de intervenção com prebióticos e probióticos em camundongos caquéticos, a suplementação foi associada com diminuição da morbidade, menor perda de peso e maior sobrevida (Bindels et al, 2015).

Em conclusão, os dados destacam profundas alterações da homeostase intestinal na caquexia do câncer e sugerem que a microbiota intestinal pode interferir nos parâmetros inflamatórios associados a esta síndrome. Conhecer a composição da microbiota intestinal humana tem potencial relevância para esta enfermidade.

Referências:

 

Bindels LB, Neyrinck AM, Loumaye A et al. Increased gut permeability in cancer cachexia: mechanisms and clinical relevance. Oncotarget. 2018 Apr 6; 9(26): 18224–18238.

 

Bindels LB, Neyrinck AM, Claus SP, Le Roy CI, Grangette C, Pot B, Martinez I, Walter J, Cani PD, Delzenne NM. Synbiotic approach restores intestinal homeostasis and prolongs survival in leukaemic mice with cachexia. ISME J. 2016;10:1456–70. 

 

Bindels LB, Neyrinck AM, Salazar N, Taminiau B, Druart C, Muccioli GG, Francois E, Blecker C, Richel A, Daube G, Mahillon J, de los Reyes-Gavilán CG, Cani PD, Delzenne NM. Non digestible oligosaccharides modulate the gut microbiota to control the development of leukemia and associated cachexia in mice. PLoS One. 2015;10:e0131009.


Posts Relacionados:

-> AS RELAÇÕES DO CÂNCER COLORRETAL E A MICROBIOTA
-> MODULAÇÃO DO MICROBIOMA: O TRATAMENTO DO CÂNCER DO FUTURO?
-> MICROBIOTA INTESTINAL PODE AUXILIAR NO TRATAMENTO DO CÂNCER

Participe da nossa lista VIP  e seja o primeiro a receber as novidades dos estudos científicos sobre o microbioma humano. Faça o seu cadastro aqui.

Deixe um comentário