O câncer colorretal (CCR) é o terceiro câncer mais prevalente entre homens e mulheres. Sua relação com a microbiota intestinal vem sendo estudada há muito, no entanto, restam dúvidas sobre a replicabilidade dos resultados em diferentes populações.
Pesquisadores Brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) abriram caminho para compreender a eficácia de exames de sequenciamento genético da microbiota intestinal como ferramenta capaz de prever o risco da ocorrência da doença.
Com uso de inteligência artificial, bioinformática e metagenômica, os pesquisadores correlacionaram a ocorrência do câncer colorretal com alterações do microbioma de quase mil indivíduos de diversas nacionalidades independente da dieta habitual.
Na pesquisa, dois aspectos chamam mais a atenção: a microbiota intestinal de indivíduos com CCR mostrou riqueza significativamente superior à dos controles, diferentemente das alterações microbianas associadas às síndromes gastrointestinais. Isto porque indivíduos com CCR apresentaram em sua microbiota intestinal, espécies bacterianas típicas da cavidade oral como a Fusobacterium nucleatum.
O estudo verificou que a presença de 16 espécies parece predizer o risco de CCR, alguns exemplos são: F. Nucleatum, S. Moorei, P. Asaccharolytica, P. Micra e P. Stomatis. A análise agrupada do metagenoma das bactérias mostrou ainda que o gene da colina trimetilamina-liase foi abundante nos pacientes com CCR, o que sugere sua relação com o metabolismo da colina do microbioma.
O novo estudo, de conceito inovador, embora tenha utilizado bactérias como marcadores de desenvolvimento de uma doença, não revelou que uma microbiota alterada causa o câncer colorretal. Os pesquisadores detectaram uma associação entre a microbiota e a doença, o que não implica necessariamente uma relação de causa e efeito.
Thomas AM, Manghi P, Asnicar F, Pasolli E, Armanini F, Zolfo M, et al. Metagenomic analysis of colorectal cancer datasets identifies cross-cohort microbial diagnosticsignatures and a link with choline degradation. Nat Med. 2019 Apr 1. doi: 10.1038/s41591-019-0405-7.